Presidente eleito da Bolívia vai renegociar contratos de gás com o Brasil

Presidente eleito da Bolívia vai renegociar contratos de gás com o Brasil

Porto Velho, RO - O novo presidente da Bolívia, Luis Arce, um dos líderes do partido de esquerda Movimento ao Socialismo, afirmou que vai renegociar com o Brasil os acordos de fornecimento do gás boliviano.

Em entrevista à jornalista Sylvia Colombo, na Folha de S.Paulo, Luis Arce afirma que termos em vigor foram acertados com governo ilegítimo, que não foi eleito democraticamente. O governo de Jeanine Añez foi constituído após o golpe que obrigou o presidente Evo Morales a renunciar e deixar o país depois de ter sido reeleito, em novembro do ano passado. 

Luis Arce afirmou que quer ter relações pragmáticas com o Brasil, mesmo existindo profundas diferenças ideológicas entre o MAS, de esquerda, e o presidente Jair Bolsonaro, de extrema direita. 

"Os mecanismos de relacionamento econômico entre os países ocorrem apesar dos governos —portanto, nesse ponto, as diferenças não me preocupam", afirmou Arce, que enfatizou a sua preocupação em resolver com o Brasil a questão do gás. "Não estamos contentes com a forma como o governo de Jeanine Añez negociou a questão do gás com o Brasil", pontuou o presidente eleito boliviano.

Arce diz que não era atribuição da presidente ilegítima firmar acordos com o governo brasileiro. 

Para o novo presidente, falta legitimidade a esse acordo. Ungido nas urnas com mais de 52 por cento dos votos e 20 pontos percentuais à frente do seu principal concorrente, Arce fala com autoridade e respaldo em revisar os atuais contratos e fazer isso do ponto de vista de uma relação de dois governos eleitos.

Aliado de Evo Morales, Luis Arce afirma que o ex-presidente não ocupará cargo em seu governo. 

O presidente eleito se diz tranquilo em relação aos processos que ele e Evo Morales enfrentam na Justiça e acha que esta agirá de modo correto. Para ele, o governo golpista manipulou a Justiça a partir de seu interesse político. 

Arce tem cinco processos a responder.  "Vou responder e espero que a Justiça atue como deve atuar, com independência".

O presidente eleito não tem dúvida em classificar o governo de Jeanine Añez como uma ditadura. Ele opina que o país agora retorna à democracia e que virão à tona muitas coisas erradas feitas pelo governo ilegítimo. 

Leia a íntegra da entrevista

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