Porto Velho, RO - Por Nathalia Urban - O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, usou a expressão jurídica lawfare (manipulação das leis para atingir inimigos políticos) para denunciar a perseguição contra o ex-presidente Luiz Inácio do Lula da Silva. O caso brasileiro é um exemplo, segundo ele, de “quão longe os inimigos da esquerda podem ir”.
A denúncia foi feita em seu discurso no encerramento do XXV Foro de São Paulo, realizado em Caracas (Venezuela) entre 25 e 28 de julho, e em seu perfil no Twitter nesta quinta-feira (7), quando compartilhou uma reportagem do jornal cubano Granma a respeito de sua fala no evento.
No discurso, Díaz-Canel citou a mais novo capítulo de decisões judiciais no Brasil, a do Supremo Tribunal Federal, que determinou que a delação do ex-ministro Antonio Palocci não pode ser usada contra Lula, atendendo assim ao pedido da defesa, que apontou violação da imparcialidade na inclusão desta informação seis dias antes das eleições de 2018.
Díaz-Canel destacou o uso dos sistemas judiciários na política como arma de colonização dos povos da América Latina, e afirmou que os cubanos, assim como milhões de pessoas honestas neste mundo, nunca tiveram a menor dúvida da inocência de Lula, que foi muitas vezes referido como “grande amigo da Ilha”.
Na mensagem postada no Twitter, o presidente cubano declarou que o caso do ex-presidente brasileiro “prova até onde vão os inimigos” na aplicação dessas ferramentas e a judicialização dos líderes de esquerda é um monstro imperial para aumentar seu domínio sobre os povos da nossa América Latina”.
Não é a primeira vez que o caso de lawfare contra Lula foi mencionado por dirigentes cubanos. O primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, general do Exército Raúl Castro, lembrou, no seu discurso proferido pelo 60º aniversário do triunfo da Revolução Cubana: “Eles conseguiram aprisionar o camarada Lula da Silva e privaram-no do direito de ser candidato à presidência do Partido dos Trabalhadores, para evitar sua segura vitória nas últimas eleições”.