Porto Velho, RO - Desde Dia da Independência, já lá vão mais de 20 anos, o alemão Roland Emmerich especializou-se na realização de espetáculos tão grandiosos quanto desprovidos de energia dramática - infelizmente, Midway, sobre a guerra no Pacífico, confirma essa lógica.
Cultura
Perante a estreia de Midway, não podemos deixar de reconhecer um dado inerente à atual dinâmica comercial do cinema mais poderoso. Entenda-se: o cinema que tem poder financeiro para inserir ruidosas publicidades nos ecrãs (televisão e net) e instalar gigantescos painéis nas nossas ruas. Assim, o "moderno" marketing dos filmes inventou um bizarro género cinematográfico.
Se quisermos ser filosóficos, poderemos chamar-lhe "apoteose da redundância". De forma menos elaborada, porventura mais esclarecedora, diremos que se trata do "filme-que-se-esgota-no-seu-trailer".
Midway é a nova e dispendiosa proeza (cem milhões de dólares!) de Roland Emmerich, o realizador alemão que, a partir de 1996, graças a Dia da Independência, criou fortes laços com o sistema de produção de Hollywood. Era um esforçado épico sobre uma invasão de extraterrestres que, em boa verdade, ainda possuía o mérito de encarar com contagiante sentido de humor a sua grandiosidade algo postiça. Agora, Emmerich propõe-se revisitar um capítulo decisivo dos combates no Pacífico, durante a Segunda Guerra Mundial, alimentando a ilusão de que está a recuperar (?) as premissas do clássico filme de guerra.